segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

É Tempo...

O ano de 2007 está ficando para trás, e recordações boas e ruins se misturam nos corações de todos. Muitos planos alcançaram sucesso e vitórias foram conquistadas; mas também projetos fracassaram e derrotas aconteceram. Infelizmente alguns olham para o dia 31 de dezembro como um “portal mágico”, que após cruzarmos, transformará todas as coisas. Porém, isso não é verdade. Após o badalar do relógio e o estourar de fogos, após o banquete com os amigos e familiares, após as mandingas e simpatias, no acordar do novo ano, descobriremos que tudo voltou ao normal e a vida não mudou radicalmente como gostaríamos. Então para que festejar? Por que celebrar a mudança do ano? Penso que o final de ano é o momento perfeito para duas ações importantes que podem revolucionar a nossa vida e consequentemente o ano que se inicia:

É tempo de contabilizarmos, não somente financeiramente(apesar de ser importante), mas também em um âmbito mais geral. O momento é propício para um exame sincero de nossas vidas. Para isso, perguntas sérias com respostas francas, precisam ser feitas: Melhorei? Sou uma pessoa melhor do que aquela que entrou em 2007? Fui perseverante em buscar meus alvos propostos para 2007? Construí, edifiquei, montei? As pessoas que me cercam foram abençoadas por minha vida? Minha família está melhor? Cresci? Desenvolvi com perseverança algo? Se as respostas foram positivas, devemos investir ainda mais em crescimento e progresso. Porém se as respostas forem negativas, não podemos despejar a culpa sobre os outros (governo, patrão, cônjuge...). Precisamos nos arrepender e decidir não cair nos mesmos erros. Precisamos anualmente deste encontro com o espelho da alma, e por mais dolorosa que seja esta experiência, os resultados serão transformadores, pois os maiores derrotados são os que não sabem o porque fracassaram e os piores perdedores são aqueles que não sabem o que os atingiu. Em contraponto os vencedores são aqueles que souberam administrar as derrotas sem desistir.

É Tempo de sonhar! As grandes invenções e realizações da humanidade surgiram de mentes sonhadoras. O sonho é a semente de uma grande realização. Se você deseja que o próximo ano seja especial e cheio de vitórias, não espere que ele comece. Semeie agora os mais puros e santos sonhos. Não existe nada pior do que começar um novo tempo sem esperança. Dante em sua obra “A Divina Comédia”, escreveu que à porta do Inferno estava escrito: "Perdei, ó vós que entrais, toda a Esperança". A real essência do inferno é a desesperança, e o Homem chega ao estado mais deplorável de sua existência quando deixa de sonhar. Quando sonhamos permitimos que a esperança se torne aliada de nossa criatividade. Mas precisamos entender que o simples fato de sonharmos com algo, não torna isto lícito ou correto. Bons sonhos não priorizam o “eu”, mas “nós”. Os melhores sonhos buscam tornar o mundo um lugar melhor e não somente o gueto de um egoísta. Os mais legítimos e verdadeiros sonhos nascem no lugar mais belo do universo: O coração de Deus.
O Santo Livro afirma algo revelador sobre os planos de Deus: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”(Jr 29.11)
Não podemos prever como será 2008, mas podemos nos preparar para o melhor, podemos nos disciplinar e acima de tudo, podemos colocar os bons planos de Deus em primeiro lugar, esperando que Ele faça com que o seu querer se torne realidade em nossas vidas.
Feliz 2008.

Talles Araújo

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Lista de Compras de Final de Ano

Nas chamadas festas de final de ano, somos tomados por uma irresistível necessidade de comprar. O apelo do comércio, os pedidos dos filhos, as intermináveis festas de confraternização e os encontros familiares levam-nos inevitavelmente a uma lista de presentes. Gostaria de ajudá-lo nessa difícil tarefa, sugerindo um itinerário e uma lista de compras:
· Passe na Loja da Consciência e compre muito tempo para sua família, e gaste todo esse tempo ao longo do próximo ano.
· Visite a Loja do Coração e adquira amor em grande quantidade, e resolva ser um esbanjador deste produto, distribuindo sem economizar.
· Caminhe até o Shopping da Alma e sem pechinchar compre misericórdia, para olhar com empatia aqueles que passam por necessidades, e assim se envolver com a dor dos que precisam de ajuda, tanto emocional como de recursos.
· Na rua principal do Comércio da Alegria, compre bastante bom humor. Saia rindo da loja, mas não esqueça de jogar fora aquela capa ranzinza que você vinha usando ultimamente.
· Não esqueça de passar no Bazar da Generosidade e comprar muitas “lembranças”, daquelas que se vai deixando nas vidas dos que cruzam conosco ao longo da caminhada. Lembrançinhas como: sorrisos, elogios, delicadeza, educação, respeito...
· No Empório do Espírito, compre fardos e fardos de humildade, para que não haja crise de abastecimento. Assim, seus amigos e familiares não serão obrigados a tolerar um arrogante em 2008.
· Por último, entre em uma loja de produtos finos, e escolha um bom perfume de sensibilidade, daqueles que exalam a suave fragrância da aceitação. Afinal, somente com uma percepção aguçada do próximo você poderá criar ao seu redor uma atmosfera de receptividade franca.
Talvez ao ler toda essa lista, você perceba que não tem recursos para comprar tudo o que sugeri. Não tem problema! Antes de sair para fazer compras, vá até Deus – o Eterno doador – e peça que ele te conceda a honra de comprar tudo isso em seu nome. Acredite na generosidade daquele que nos deu Jesus como presente, e em seus inesgotáveis fundos que poderão suprir todas as suas necessidades.
Depois de comprar tudo isso, talvez você ainda queira passar nas lojas normais e comprar alguns desses presentes mais baratos e de menor importância. Desses que podem ser adquiridos somente com dinheiro, tudo bem... Você pode comprar! Mas não esqueça: aquilo pode ser avaliado em Reais (mesmo que sejam milhares), geralmente, não é precioso. As coisas mais importantes não podem ser adquiridas com cartões de crédito.
Boas compras e boas festas,

Pr. Talles Araújo

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Creio! Descrendo...

Sou cristão, meu habitat natural é a fé, e como pastor, estou envolvido diariamente com assuntos ligados ao “crer” e o “acreditar”. A essência da minha vida é crer em Jesus como meu Senhor e Salvador, mas vivo uma crise de fé. Acredito em algumas coisas, descrendo em outras, que estão para mim desvencilhadas até que algo aconteça – milagres – ou então, até que nosso povo cristão tome posição.
Sou um homem de fé e da Fé, mas perdi a fé em algumas coisas:

Creio em profecias, mas não creio em muitos “profetas”.
Creio na pregação, mas descreio das intenções de alguns pregadores.
Creio na Bíblia, mas estou preocupado com os rumos da teologia.
Creio no treinamento dos pastores, mas duvido da eficácia da maioria dos seminários.
Creio no poder do Espírito, mas desacredito dos “moveres” emocionais e fantásticos.
Creio na bela tradição judaica, mas não agüento mais ouvir falar de Shofar, Arca e Candelabro.
Creio que o Brasil pode ser alcançado pelo Senhor Jesus, mas já não consigo acreditar nas motivações dos evangélicos brasileiros.
Creio no poder influenciador do povo de Deus, mas não gosto da ética dos políticos “evangélicos”.
Creio na Unidade do Corpo de Cristo, mas abomino a política eclesiástica.
Creio no louvor e na Adoração, mas não consigo ouvir algumas músicas ditas “evangélicas”.
Creio nos quatro seres viventes que estão na sala do trono, mas creio que eles devem ficar lá.
Acredito na Igreja, mas estou triste com as denominações.
Acredito na obra missionária, mas não entendo missionários sem chamado e sem visão.
Teimo em acreditar no crescimento da Igreja, mas desacredito em modelos pré-fabricados.
Acredito na Fé, mas tenho nojo do comércio desta.
Creio, descrendo...


Não entendo porque os cristãos insistem em desprezar a crise que vivemos. Parece que alguns simplesmente desligaram a sua capacidade crítica. Tenho uma proposta: Vamos voltar, e olhar os fundamentos, a base, o alicerce. Talvez precisemos demolir algumas coisas e reconstruir outras. Alguém colocou o prumo errado e a parede subiu torta. Não é feio admitir o desvio, triste é insistir no erro por orgulho, vaidade e teimosia.
Quero que fique claro que não creio que todos estão errados, pois sempre existirão os sete mil, como aconteceu com Elias(I Rs 19.18). Existe gente séria, com fé equilibrada, e uma ética santa, e que com certeza não faz tanto barulho na terra, mas que inferniza o inferno e alegra o céu. Quero andar com eles.
Em minha crise de crença e descrença, posso dizer que acima de tudo isso, creio em Deus soberano sobre tudo e em Cristo como o Senhor da Igreja e que seus planos não podem ser frustrados (Jó 42.2); e assim, e só assim, acalmo minha alma.
Pr. Talles Araújo.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

A cruz e a firmeza.


“Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és filho de Deus, e desce da cruz!...Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele.”
Mateus 27:42

Fico pensando no que aconteceria se ele tivesse aceitado este desafio. Como seria se ele resolvesse capitular, simplesmente desistir? O momento era crucial, muita dor, muito sofrimento, abandono por parte dos amigos e discípulos, e agora os seres por quem ele está morrendo o desfiam a descer da cruz e “provar” que era realmente o Cristo.
Eu aprendo basicamente duas coisas com tudo isso. Em primeiro lugar que Jesus sabia quem ele era, e por isso não sentia a necessidade ou sofria o desconforto de sempre tentar provar para os outros quem ele realmente era. Em seu coração ele estava perfeitamente convicto ser o Filho de Deus, e pronto! Por esse motivo a tentação não o fez desistir.
Em segundo lugar esta história me ensina que se não houver firmeza, o trabalho de uma vida inteira pode ser destruído no momento da dor. Desde que Jesus deixou a sua glória, trinta e três anos haviam se passado, muitas histórias e fatos recheavam a vida terrena do Senhor. Mas agora ele estava diante de seu maior desafio, e se nesse momento ele não fosse firme, tudo teria sido em vão. Ele responde não somente às pessoas que lhe lançam em rosto o desafio, mas também a todas as hostes demoníacas que cercam a cruz para ver o momento de maior vergonha da história. Ele possuía um objetivo: nos Salvar! Ele estava firme, nada poderia tirá-lo dali.
Então ao aplicarmos esses ensinamentos a nossa vida devemos pensar que, aquele que anda com Deus precisa ser uma pessoa bem resolvida. Em outras palavras, precisa saber quem é, sem ter a necessidade de a cada nova situação difícil, tentar convencer os outros de sua fé. Eu sei quem eu fui, e hoje em quem eu me tornei por causa de Jesus. Sou o Amado do Senhor(Dt 33.12), e uma situação momentânea não pode determinar ou mudar quem eu realmente sou.
A outra aplicação é que a firmeza de propósito faz a diferença entre aquele que sempre é a vítima das situações e aquele que aprendeu a reinar em vida com Jesus Cristo(Rm 5.17). O cristão precisa ter em mente exatamente o seu propósito diante da cada nova situação. Caso contrário ele sucumbirá sem conseguir se quer determinar o que o atingiu. Quando o crente possui a firmeza de pensamento ele experimentará a paz mesmo em tempo de luta, com nos diz Isaías: “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti.”(Is26.3).
Que nestes dias maus não nos esqueçamos daquele que por nós suportou tamanho sofrimento, e sem deixar o seu firme propósito, nos conquistou a salvação. Deus te abençoe.
Pr. Talles Araújo

quinta-feira, 28 de junho de 2007

TEMPO



















...há tempo para todo propósito debaixo do céu.
Ec 3.1b

Estou sem tempo! Esta é a frase de nossa geração. Vivemos sob a tirania do urgente, onde aquilo que precisa ser feito, deve ser feito agora. Medimos nossa vida pelo tempo, organizamos nosso dia a partir dele, nosso ânimo também depende do tempo. Somos seres ligados de forma definitiva ao cronos. Mas se o tempo é tão importante, por que jogamos tanto tempo fora? Por que tanta vida desperdiçada? Se o tempo é um grande bem, por que ele é usado por alguns de forma tão leviana?
Não sou poeta, mas há algum tempo atrás, pensando nestas coisas me vieram estas palavras, apesar do tom melancólico, elas nos fazem pensar em quanto o tempo é importante:

Tempo, momento se desfazendo
Intento contento, mas sem sustento
Verdade tenaz, que de tão dolorosa se compraz
Em dizer que tu, ó tempo, és na verdade um lamento.

Ó tempo, que vês os homens envelhecendo
Os sonhos adormecendo, como que esquecidos ao relento
Verdade maldita, que no rosto cansado não fala, mas grita
Que tu, ó homem, só lembras que és pó, morrendo.

Toda a problemática do tempo se torna mais crítica quando pensamos em tempo para Deus. Existem aquelas pessoas que quando começamos a falar sobre dedicação ao Reino, normalmente respondem que gostariam muito de servir ao Senhor Jesus com mais afinco, mas falta tempo.
Eu estou convencido que dedicar-se ao Senhor não é uma questão de tempo, mas sim de prioridade. Tudo que consideramos realmente importante, recebe de alguma forma, tempo. Na minha caminhada tenho percebido que algumas das pessoas mais abençoadas (e abençoadoras) que conheci, são extremamente ocupadas e cheias de tarefas, mas que no seu leque de ocupações e afazeres separam sempre o melhor tempo para o Senhor.
Estou hoje em uma batalha pessoal, quero dar o melhor do meu tempo para Deus. Gostaria de convidá-lo a entrar nesta batalha comigo, pois Ele é sempre digno do nosso melhor. A bíblia nos exorta à entender o tempo e usá-lo da melhor forma: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”(Sl 90.12).
Carpem diem
Pr. Talles Araújo

Voltando a Beréia

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento.
Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te
rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim.”
Oséias 4.6

Alguém já ouviu falar de um jogador que desconhece as regras de sua modalidade de esporte? Ou de um Juiz que desconhece as leis sobre as quais tem que legislar? Ou de um navegador que não entenda os mapas de navegação, marés e correntes oceânicas? Claro que não, qualquer que se dedica a uma profissão ou especialidade, naturalmente desenvolve conhecimentos específicos desta área.
O que me assusta é que este princípio não se aplica muitas vezes aos cristãos, uma vez que muitos dos que confessam possuir uma fé genuína em Jesus Cristo, simplesmente desconhecem a Bíblia, ainda que afirmem-na como sua única regra de fé e prática. Vivemos talvez, uma das maiores crises doutrinárias da história da igreja. Nunca tivemos tantos meninos dizendo tanta coisa, e quando me refiro a meninos não estou falando de idade, mas sim da incapacidade de lidar com questões doutrinárias importantes de forma madura e coerente. Isto deve-se ao baixíssimo grau de instrução teológico-doutrinário existente e também facilidade com que uma pessoa em nosso país se torna líder religioso.
Hoje qualquer um diz o que “pensa” sobre um texto, e a pretensa verdade é aceita de forma total por um imenso grupo de crentes sem discernimento e sem conhecimento. Muitos simplesmente não tem a menor capacidade crítica para avaliar se o que está sendo dito é verdade ou uma grande bobagem. O resultado desta babel doutrinária é uma igreja que possui uma crença baseada em “achismos”, cuja fé é uma colcha de retalhos e as doutrinas pregadas são contraditórias.
Como vencer isto? Como podemos viver este tempo tão confuso? Creio que a melhor saída, na verdade a única, é desenvolvermos um conhecimento real e profundo das Sagradas Escrituras. A maioria dos crentes nunca freqüentará uma escola teológica, mas quando existe um verdadeiro conhecimento bíblico existe também uma maior imunidade ao vírus da heresia. O nosso maior exemplo são os crentes de Beréia. A Bíblia nos diz que quando estes recebiam a pregação do evangelho, examinavam as Escrituras com avidez para se certificarem que tudo era realmente como Paulo e Silas pregavam(At 17.10-13).
Conheça o seu mapa, sua bússola, seu tesouro maior e assim seu coração será guardado na verdade de Cristo. Tudo isso digo em amor, como pastor, “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.”(Ef 4.14)
No amor de Cristo,

Pr. Talles Araújo